sábado, 18 de abril de 2020

18 de Abril de 2016

Gritou alto - Quem lhe deu o direito? E nesse mesmo instante caiu estrondosamente no chão. Num ápice dobrou-se-lhe os joelhos. Se estivesse lúcido esse primeiro embate das rótulas na pedra calçada teriam causado uma dor horrível. Dobradiças móveis e sem o repuxar da tensão dos nervos e músculos, o corpo tombou para a frente. Uma tábua autêntica, se não houvesse outra comparação possível, um homem quando inanimado cai é o semelhante de uma tábua.
Até na queda inanimada o homem tem de ter a sua dignidade.
Mas a tábua não tem cabeça e este homem está prestes a rachar o seu crânio contra o chão. O som que se ouviu não tem explicação, seco e oco, sem repique. Inerte e imóvel, jaz ali mesmo. Não se sabe se morreu mas este corpo não tem sinal de vida. As suas últimas palavras foram um grito interrogativo. Quem é que tinha o direito? Não sabemos. Foi dado como morto. Morreu.

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