quarta-feira, 23 de novembro de 2016

"deus não existe"

"deus não existe"

"Eu não lhe consigo provar que deus não existe. A sua não existência ou evidência física e mensurável não me permite ter a veleidade de concluir pela sua inexistência. Assumo a regra matemática da probabilidade da ocorrência de um evento, que pelo facto de ainda não ter ocorrido é justificado pela ideia da sua possibilidade de vir a ocorrer. 
Porém, e com um porém afirmativo, não me conseguirás convencer da existência de deus através da sua mera explicação metafórica da ideia imaginária convencionada pelas obras litúrgicas; e que se seguires pela via da argumentação onde a prova da sua inexistência ou manifestação é em toda a sua extensão um defeito ou incapacidade pessoal de receber essa experiência cognitiva, não estarás mais do que a assumir em oposição ao que te disse, que deus é um assunto irresolúvel; pelo menos até ao dia em que ele se apresente à luz inequívoca do dia. 
Pois meu caro, se ele hipoteticamente se apresentasse de que credibilidade seria credor depois de tanto sangue derramado em seu nome? Com as mãos ensanguentadas e empunhando uma faca? 
Por quem oras preces em louvor da morte eterna, se em vida é o que sabes."

Rui Santos 20/11/2016

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

"Deus"

Deus,
Pai das guerras
Em teu nome matei
Em teu nome me mataram
Cegueira de sentidos e poderes.
Deus,
Senhor a quem baixam os olhos e as consciências
A quem temem
A quem oram
Que procuram.
Deus,
Que criaste servos e descobridores de um caminho sem retorno
Deus,
Responde.
Porque é que prometes a vida eterna a todos os mortos enterrados
Porque não facilitaste a vida de todos e assim prometerias 
o bem dos vivos em vez de glorificares a morte
Deus,
É tempo de recolheres e seguires.
Deixaste a Terra num lugar muito cruel

Rui Santos 16/11/2015

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

dos contrários

"dos contrários"

Se o perto é o contrário do distante,
O distante ambiguamente solidário com o longe.
Longe, lá longe, mas tão perto de te deixar de ver;
Seria o perto uma aproximação do pequeno e minúsculo ponto que daqui observava?
Com os braços apoiados no parapeito da janela
Franzia o sobrolho para serpentear a luz directa de um sol.que não conseguia enfrentar.
Piscava os olhos e percebia
Nem longe ou distante,
Perto ou próximo,
Assim simplesmente, de onde me encontrava
Não poderia antecipar a aceleração de chegada do tempo que haveria de me pertencer.
Nada mais restaria, perante a enormidade do longe e distante,
Senão buscar os resquícios do belo.
Assim na grandeza das ilusões 
A miragem era o sustentáculo da esperança.

(Rui Santos, 03/11/2016)